segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O filho do roceiro e da empregada doméstica

Era uma vez um roceiro que pediu em casamento uma empregada doméstica. Ele tinha a propriedade da terra e ela tinha aprendido algo com a convivência dos ricos. Eles se conheciam de terras distantes. A terra não valia muito naquela época. O roceiro sabia ler e provavelmente escrever, não tenho certeza. A empregada era analfabeta. Eles tiveram 7 filhos. Socialmente estavam bem abaixo na escala. Alguns aprenderam algo na escola outros não. Frequentar a escola já era um desafio para essa gente, quanto mais progredir e conseguir diplomas. Eles cresceram, trabalhavam em profissões condizentes com suas capacidades, algumas das mulheres casaram-se e pararam de trabalhar como era costume naquela época. Uma ficou solteira outra conseguiu um emprego público e até se aposentou. Aos homens estava reservado um destino melhor, pelo menos para um dos dois. Ele recebeu ajuda e a aproveitou para progredir. Venceu muitos dos seus fantasmas mas não todos. A base era muito fraca e o gap muito grande. Muitas das conquistas não foram suficientes para mudar as marcas profundas vividas naquela casa do roceiro e da empregada doméstica. Não havia interesse em aprender, em conhecer o que a ciência estava descobrindo por ai. As crenças antigas, muitas delas falsas, falaram mais alto muitas vezes, infelizmente. O nome disso hoje sabemos: carma familiar.

Um comentário:

Van der Camps disse...

Apenas um dos 7 filhos se destacou e superou suas origens. Da quantidade se extraiu a qualidade neste caso em particular.