quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Décadas passadas e as carreiras mais concorridas

Faz mais de 30 anos que prestei meu primeiro vestibular. A população aumentou, algumas ofertas de vagas também. No entanto as carreiras mais concorridas são sempre as mesmas. Há quem diga que essa é uma exigência da sociedade e como as sociedades mudam muito lentamente as carreiras também seguiriam o mesmo caminho. As carreiras são medicina, direito e engenharia. Ninguém ousaria dizer que não precisamos de bons médicos, bons operadores do direito e bons engenheiros. Essas carreiras tem características próprias aqui no Brasil: médicos podem ser funcionários públicos, profissionais liberais ou empresários. Bacharéis em direito podem ocupar funções de estado como juízes, promotores, procuradores. O estado é basicamente organizado pelo direito e até a criação da Faculdade de Direito teve por objetivo formar pessoal capacitado para administrar o estado. Também podem ser profissionais liberais ou empresários. Vejam que essas duas profissões são praticamente imunes a problemas econômicos ou demais intempéries que costumam acontecer de tempos em tempos aqui no Brasil. Já engenheiros dependem de projetos e de grandes companhias, bem como de investimentos governamentais em infra-estrutura. Quase 90% dos engenheiros são assalariados em grandes empresas privadas ou estatais. E engenheiros são das três opções provavelmente os que menos exercem a profissão para a qual estudaram e se prepararam. Nossa industria sofre todo tipo de concorrência, inclusive do exterior. E os engenheiros são muito provavelmente os mais inteligentes dos três. As demais profissões tem seus nichos é claro mas vencer nas mesmas pode depender muito mais de bons relacionamentos do que de talento individual.

6 comentários:

Van der Camps disse...

Quando eu tive de escolher a profissão vivíamos no regime militar e o regime militar havia privilegiado os investimentos em infra-instrutura. Mesmo as escolas militares tem um currículo fundamentado em engenharia, porque a guerra tem muito de engenharia, existindo inclusive a arma da engenharia e a das comunicações, por exemplo.

Van der Camps disse...

A USP já tinha quase todos esses cursos que existem hoje. Eles eram novidade para mim que estava descobrindo o mundo do saber mas não para quem tivesse tido algum interesse e curiosidade em saber o que cada um faz na sociedade, quanto ganha para fazer isso e qual a formação que necessita para ocupar essa posição.

Van der Camps disse...

É como é até hoje: os bairros, seus habitantes típicos, seus usos e costumes e as pessoas e seus defeitos. Tudo muda muito lentamente. O currículo não muda nem as profissões, apesar delas se aperfeiçoarem com o tempo.

Van der Camps disse...

No capitalismo o lucro deve ser proporcional ao risco. Fazer engenharia no Brasil é muito arriscado e o lucro é muito incerto. Fazer direito é muito menos custoso e promete um retorno muito maior, com menos risco. E medicina é praticamente ficar rico apenas com seu esforço, sem depender de mais nada ou ninguém.

Van der Camps disse...

Portanto fazer engenharia no Brasil é algo para verdadeiros amantes da arte, já que esses sentirão prazer em exercer a profissão mesmo que não tenham o retorno merecido ou devido.

Van der Camps disse...

Cada uma dessas profissões é regulamenta, tem suas atribuições exclusivas e conselhos de classe para procurar e punir quem ameaçar a reserva de mercado dos portadores de diploma. Somente o médico pode receitar remédios controlados de alguma forma. Somente o advogado pode representar o cliente em juízo. Somente o engenheiro civil pode tocar obras responsabilizando-se pelas mesmas. E somente quem possuir o respectivo diploma e o registro no órgão de classe pode exercer legalmente uma dessas profissões . . .