Doencinhas e doenção

A grande maioria das doenças varia conforme as condições de higiene, saneamento e alimentação da população. Houve uma época em que as doenças infecciosas e parasitárias matavam muitas pessoas. Com a evolução da medicina, das vacinas e dos remédios, isso acabou. Então as pessoas começaram a viver mais e as doenças degenerativas, aquelas que matam pouco a pouco, tornaram-se as principais doenças mortais. Podemos chamar essas doenças de "doencinhas" , que embora não tenham cura, têm no entanto controle. Com isso as doenças mais devastadoras e incapacitantes passaram a serem as doenças mentais (ou emocionais). Elas são inclusive responsáveis pelo segundo posto em número de emergências. As doenças mentais graves são aquelas com maior tempo de internação. Além disso recidivas são frequentes. O impacto econômico financeiro das mesmas é enorme, devido ao grande número de afastamentos pelo INSS, depois quando autorizado o retorno a demissão é comum e a recontratação de alguém com depressão grave por exemplo é umas 40 vezes mais improvável do que a de um desempregado "normal". Ou seja, o rebaixamento econômico e financeiro de quem sofre de uma doença psiquiátrica grave é provável e esperado. A depressão em poucos anos tornar-se-á a primeira causa de afastamento do trabalho, graças a sua disseminação e ao seu caráter incapacitante. Quem na vida teve apenas "doencinhas" só conhece o próprio umbigo e não tem condições nem interesse em saber o que é ter um "doenção" . . .