sábado, 8 de março de 2014

O dia da fofoca

Sou muito envolvido com a comunicação e cada vez mais aprendo um pouco. Gosto da transparência e sempre achei que segredos escondiam aquilo que é escuso. É claro que existem os segredos profissionais, os médicos e os de justiça. Na prática todos os segredos caducam mais cedo ou mais tarde: o segredo profissional torna-se público quando patentes vencem ou quando a inovação vem a público. O segredo médico aparece quando a pessoa morre ou fica doente hospitalizada. Também fica claro quando outros interagem com o doente, percebendo sua decadência física ou mental. E o segredo de justiça não existe para a pessoa que está sendo processada. Ela pode contar para seus parentes ou amigos o que está no processo, por exemplo. Terceiros é que não poderão esmiuçar os detalhes e fazer julgamentos porque não terão acesso aos autos. Agora a comunicação. Por escrito é muito fácil para mim saber os limites, por experiência de auditor tenho isso muito bem definido. Já falar é para mim mais difícil. Eu me controlo muito bem em falar em público e em reuniões em geral pois sei que estou sendo observado por muitos. Já cometi erros ao falar em reuniões dos conselheiros do condomínio (um grupo mais restrito). E aprendi a não fazê-lo mais. Agora aprendi mais uma: não conheço profundamente a relação entre amigos e suas mulheres, exceto a do meu melhor amigo, cuja casa frequento semanalmente. Entre amigos temos o chamado "dia da fofoca". Nesse dia, apenas os homens amigos se reúnem e o ambiente se torna livre e todo tipo de discussão pode acontecer. Amigos são confidentes. Como ser amigo e não ser confidente ? Agora surgiu outro tipo de situação. Um amigo há 42 anos, que sempre está com sua mulher não confiável e não amiga, portanto inibindo qualquer conversa mais pessoal ou então está no telefone, onde também naturalmente é inibida qualquer possibilidade de mais intimidade (já que não vou ligar para lhe contar a última sobre alguém), estava sozinho na casa do seu velho pai. E foi nesse ambiente de tranquilidade e pessoalidade que lhe contei alguns segredos "velhos" de um amigo comum. Consegui com isso descobrir que esse amigo comum não é tão amigo assim dele mas cometi uma inconfidência. Tentei corrigir passado um tempo e liguei para ele pedindo segredo sobre o que eu lhe havia dito. Foi uma tentativa de corrigir. Acho que será suficiente afinal somos confidentes. Não conversamos sobre valores em geral, não somos amigos a esse ponto mas conversamos sobre amigos comuns e já frequentei a casa dele e do pai dele muitas vezes. Além disso ele nunca mudou de comportamento com o tempo, como outra pessoas que conheço que estão envelhecendo mal.

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