quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Discriminação

Eu já me senti constrangido ao entrar em uma casa muito pobre mas não em uma casa muito rica. Eu também já senti preconceito com relação a roupa de pessoas muito pobres descoladas de seu contexto. Trata-se de uma leve sensação de mal estar, a mesma que você sente ao chegar perto de alguém fedido, com o desodorante vencido. Todas foram situações de exceção, pontos fora da curva. A novidade é que agora temos a massificação do consumo de bens conspícuos: as pessoas estão decidindo se relacionar com alguém conforme os produtos e os serviços que essa pessoa usa. Os que não se enquadrarem serão literalmente descartados sumariamente. Essa estratégia é muito interessante para as empresas que terão escravos cativos de seus produtos e serviços. Esse comportamento foi incentivado pelo fenômeno das redes sociais e do exibicionismo que grassa hoje em dia. É o famoso "consumo logo existo". Pessoas que não consomem serão desqualificadas de antemão. Todos precisam fazer as mesmas coisas, visitarem os mesmos lugares, comprarem os mesmos produtos das mesmas marcas. É já sou e vou ficar cada vez mais outsider . . .

2 comentários:

Van der Camps disse...

Quando você não precisa trabalhar você pode ser estranho o quanto quiser. Já quem trabalha precisa se adequar minimamente a cultura da empresa, mesmo se você for o dono da empresa. Vale o mesmo para o profissional liberal. Qualquer barreira irá inibir o diálogo. Eu me lembro de um certo amigo que ficou longe por um ano ou dois. Quando nos reencontramos eramos estranhos . . .

Van der Camps disse...

Ser diferente sempre foi custoso. Agora pelo menos podemos encontrar pessoas diferentes como nós graças a internet. Cada um encontrará sua tribo e cada vez mais cedo. Muitos como massa entrarão em Universidades mas as de elite continuaram a ser sempre as mesma. Muitos terão um Iphone comprado a prestações mas poucos terão uma renda elevada. Muitos comprarão a prazo seu primeiro imóvel mas poucos receberão e aceitarão a ajuda dos pais ou avós para morarem em casas mais simples. Tudo esse consumo é possível pelo adiamento do casamento e do nascimento dos filhos. Essa mudança liberou centenas de milhares de reais para o consumo dos adultos e diminuiu os gastos com coisas de criança e as tornou individualmente muito mais caras.