sábado, 10 de março de 2012

Resultado

Infelizmente sou obrigado a admitir que precisamos dar valor para o resultado. Existem pessoas simplistas para as quais somente o resultado interessa. Não estão interessadas em como esse resultado foi obtido. Vejamos a contratação de um advogado: o processo nada mais é que um debate onde o talento desses advogados será posto a prova. Um tentará descobrir os erros na argumentação do outro e poderá utilizar de todos os artifícios que forem possíveis para convencer o juiz. É um vale tudo para ganhar, não importa o preço. Como identificar um bom advogado ? É muito mais fácil identificar um bom médico. Como identificar um bom advogado que não seja um explorador ? Bom advogado é aquele que é ético e honesto ? Ou é aquele que é esperto o suficiente para usar artimanhas de todo tipo ? Outro detalhe: a atualização. Um bom advogado está atualizado e pode questionar o que os outros estão fazendo, sejam eles o contador, o juiz, o promotor ou a outra parte. O máximo que podemos fazer antes de contratar um advogado é perguntar o que ele pretende fazer e quais são seus argumentos e escapar dos mais obtusos. Acontece que você não tem muito tempo para escolher seu advogado quando você é processado. Além disso, você não está na posição privilegiada do juiz, que por ter acesso a muitos processos sabe quem é bom advogado e quem não é, além de ter a obrigação de estar atualizado com as normativas e leis que existem. Tendo em vista esses aspectos, é claro que um processo de valor elevado, que dará muito dinheiro para o advogado, merece uma consulta a um escritório no mínimo pessoa jurídica, onde o saber será reciclado, ou pelo menos se espera isso. É o caso do Fernando. Ele me parece mais profissional que a minha advogada. Ele não trabalha sozinho. Pode trocar ideias com seus colegas, pelo menos teoricamente. Tem mais organização e é mais rápido. Não é um grande escritório. Num grande escritório você poderia ser "esquecido". Um advogado tem de ter um numero limite de processos para lidar bem com eles. É exatamente como um médico que precisa de um tempo mínimo para fazer uma anamnese correta de cada paciente. É por isso que precisamos de um advogado na família: ele, teoricamente, não sendo uma Flávia, poderia tomar conta dos nossos processos com maior zelo. É por isso também que precisamos de um médico na família: ele, através de seus contatos, pode ser a diferença entre a vida e a morte em caso de doença grave. Para os outros serviços, podemos sempre pedir para ver o que a pessoa já fez. Para a compra de mercadorias podemos consultar quem as possui e mesmo informações técnicas. Para advogados e médicos precisamos de referências. E referências de pessoas que possam avaliar corretamente os mesmos, em geral colegas exigentes. Quem não tiver esses contatos está perdido.

9 comentários:

Van der Camps disse...

Meu pai era advogado por hobbie. Será que todo advogado ganha 50% das ações e perde 50% ? Ou será que ganha alguma coisa e perde alguma coisa em cada ação ? O que eu sei é que quanto mais dedicação um advogado tem pela sua causa mais ele te cobra. E quanto mais importante essa causa for para você, mais você estará disposta a recorrer e a pagar honorários. Meu pai não fez da advocacia sua profissão. Fez da advocacia apenas um jeito de fazer caridade, pois não ganhava nada com sua ações. Advogava praticamente para a família e era criticado por isso. Ele foi o único de 7 irmãos que conseguiu o nível superior. Já eu e minha irmã conseguimos sem grande dificuldade. Existem vários futuros "advogados" na família e conhecidos. Se serão grandes advogados somente o tempo irá dizer . . .

Van der Camps disse...

Meu pai gostava de procedimentos ordinários, onde advogar não era disputar nada: era apenas um procedimento pró-forma para obter algum objetivo bem definido, como por exemplo um inventário onde não havia briga entre os herdeiros, então um processo de despejo por falta de pagamento ou então uma separação amigável. Preferia fazer apenas ações no âmbito da família, que são as, segundo a Dra Ângela, as mais gostosas. No criminal não tinha experiência nenhuma que eu saiba, o mesmo acontecendo no cívil (discussão de contratos em geral). Meu pai não gostava do litigioso. Era mais um conciliador (para os outros).

Van der Camps disse...

Eu sempre fui uma pessoa que brigava para ver as coisas serem corrigidas e lutei por justiça o quanto pude na minha profissão. Por definição, auditor é o que lida com o contencioso administrativo. Sempre que havia uma disputa lá estava eu, ouvindo as partes, juntando as provas e chegando ao veredicto. Muito diferente da profissão do meu pai, que sempre foi a de mandar, onde a democracia nunca existiu.

Van der Camps disse...

Existem portanto advogados e advogados. A conciliação do meu pai não durou nada na minha separação, porque a outra parte fez questão de abrir vários processos. Olhando para trás acho que meu pai não era um grande advogado e nem era esse o seu objetivo. Meu pai era muito submisso as decisões do juiz. Ele achava que o juiz era um Deus. Gostaria de saber quantas vezes meu pai recorreu de uma decisão para o Tribunal, onde espera-se que a experiência e o colegiado corrijam injustiças.

Van der Camps disse...

Meu pai teve várias profissões por hobbie: advogado, corretor de imóveis. Não gostava de ser criticado, não gostava de polêmica, não gostava de discussão. Era portanto totalmente averso a dialética, que é o método Socrático de crescer em conhecimento e que tanto aprecio.

Van der Camps disse...

Caso pudéssemos fazer com o direito o que fazemos com os médicos: uma junta de advogados para decidir o que fazer em determinado processo. As empresas fazem isso o tempo todo: chama-se reunião. Advogados questionadores, ponderados e reflexivos com certeza serão poucos. Talentosos. Muito poucos.

Van der Camps disse...

Para um advogado o tempo de profissão e sua capacidade de se atualizar é fundamental, bem como o tipo de exposição que ele teve. Ele aprende com os processos que participa, pois pode observar os argumentos dos outros, os quais poderá utilizar-se em casos semelhantes futuros em que ele estiver na outra ponta.

Van der Camps disse...

Uma reportagem da Veja diz que a biblioteca do Escritório Pinheiro Neto, um dos mais tradicionais do país (a Kodak era cliente deles) tem uma biblioteca com 55.000 volumes. O Pinheiro Neto é especializado em tudo, em particular em empresas. Entraram no ramo de família como forma de apoiar seus clientes com essas questões.

Van der Camps disse...

O site da OAB tem algumas informações sobre seus membros, como data de inscrição, endereço, fotografia. Através dele podemos verificar a experiência do advogado. Através do site do Tribunal de Justiça de SP podemos ver a atuação do advogado, através dos processo que ele deu entrada.