quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A escolha da opção na Escola Politecnica da USP

A POLI tem o maior vestibular de engenharia do Brasil em numero de inscritos. E a POLI tem suas peculiaridades na hora de conduzir seus alunos ao melhor resultado possível. Um desses pontos nevralgicos é a escolha da modalidade de engenharia que o aluno irá cursar. Pois na minha época todos entravam na "engenharia da POLI" e, ao final do ano letivo, cada aluno escolhia o que gostaria de fazer, sendo classificado pela sua performance nas materias do primeiro ano. O objetivo desse sistema era o de priorizar a experiência e o contato com as disciplinas do primeiro ano, onde o aluno aprenderia um pouco sobre todas as áreas da engenharia, podendo assim fazer uma escolha mais consciente. Acontece que esse metodo fazia muitos descontentes, que embora não tivessem média suficiente, queriam de qualquer modo cursar determinada especialidade. Esses alunos abandonavam a escola ou prestavem novo vestibular, criando problemas diversos. Então, durante discursões na escola, mudavam o sistema de escolha, jogando para o vestibular a responsabilidade de decidir quem iria fazer o que. Aparentemente brilhante, essa alternativa trazia outro tipo de problema: algumas especialidades, em baixa no mercado de trabalho, tinham como ingressantes alunos com baixo potencial acadêmico e, consequentemente, esses alunos não conseguiam acompanhar o curso, abandonando o curso. Tambem havia a seleção de alunos muito imaturos, que tinham muitas vezes uma ideia fantasiosa do que é o estudo de engenharia, levando-os novamente ao abandono do curso. A solução final, depois de décadas de discursões, foi um sistema "misto", onde os cursos mais concorridos selecionam pelo vestibular diretamente e os outros pelo sistema antigo, onde o aluno entra em uma das grandes áreas da engenharia, a saber: eletrica, mecanica, quimica e civil, e depois faz sua opção mais consciente. Na minha época tive o primeiro ano básico e o segundo "quase basico". A opção era ao final do primeiro ano. Lembro-me de ter tido contato com uma materia da mecanica, chamada mecanica geral. A materia nos era dada sem que a base matematica fosse providenciada antes. Não gostei e passei a descartar mecanica do meu futuro. Depois tivemos aulas na engenharia civil de desenho tecnico. Ficar horas em cima de uma prancheta desenhando tambem não era minha praia e desisti de fazer civil. Tivemos contato com quimica, mas acho que já no segundo ano, quando a opção por eletrica já havia sido feita. Ou seja, das grandes areas de quimica e eletrica não tinhamos conhecimento, exceto aquele do colegial. No primeiro anos as materias são muito instrumentais, ou seja, elas irão servir para o aprendizado de outras materias, mais avançadas. Assim no primeiro se tem muita matematica e muita fisica, além de computação. Eu sei que no final do primeiro ano eu tinha alguma noção do que não queria fazer, mas nenhuma noção clara do que eu queria fazer. Assim a escolha por eletrica na primeira opção não foi exatamente consciente. Minha segunda opção era quimica. A terceira era mecanica provavelmente. Minas, metalurgia e naval eram as ultimas, isto porque eu não queria um emprego que me afastasse de São Paulo. Mecanica era a terceira, porque eu sonhava com engenharia de produção, só que engenharia de produção era uma divisão do quarto ano da area de mecanica e eu tinha medo de não ter nota e ter de ir para a mecanica de projetos. Essas eram as sete especialidades existentes na minha época. Depois descobri porque eletrica não tinha nenhuma matéria no básico: a necessidade de calculo e estatistica era muito maior nessa área e por isso eles esperavam para "introduzir" os alunos na área. Mesmo no segundo ano acho que tinhamos uma materia da eletrica por semestre. Não sei como teria sido se eu tivesse posto quimica em primeira opção. As materias do curriculo da engenharia quimica pareciam ser todas iguais, enquanto as da engenharia eletrica são todas diferentes, inclusive porque a engenharia eletrica tem muitas enfases e várias subdivisões e a quimica não. O problema poderia ter sido evitado se eu soubesse o que era a engenharia lá trás, quando resolvi fazer exatas, mesmo não gostando muito de matemática. Eu gostava de física e tive a ilusão de que bastaria. Depois o Bandeirantes só tinha exatas e biologicas e meus pais não me ajudaram em nada. Exatas foi meio por exclusão, já que minha mãe me disse que eu não poderia ser médico, mesmo sem conhecer todos as especialidades da medicina. Eu fui vítima da origem social dos meus pais e da falta de conhecimento deles sobre as profissões e o mercado de trabalho como um todo. Essa historia de que a profissão escolhe você é muito boa para a classe trabalhadora. Não serve para a classe média e média alta.

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