Glórias passadas

Dizem que águas passadas não movem moinho. Vale o mesmo para a maioria das pessoas. Lembro-me uma vez de ter defendido com meu chefe um trabalho que eu tinha feito que tivera um bom impacto positivo.  Meu chefe retrucou que aquele feito já tinha sido contabilizado no resultado daquele ano e que não servia mais de sustentá-lo para justificar um aumento de salário agora, por exemplo. É assim na política, na família, nos namoros, nos relacionamentos em geral. Glórias passadas são esquecidas mais ou menos rapidamente, mesmo porque novas notícias sempre ocorrem e ocupam a mente das pessoas. Quando alguém morre é a mesma coisa: logo é enterrado e esquecido por quase todos. Em uma ou duas gerações não resta nada do morto. Quando muito pode sobrar seu exemplo, através de decisões sábias tomadas em momentos dramáticos, quase messiânicos. Que influencia tem meu avô hoje em dia ? Somente os imóveis que sobraram e que são matéria de um inventário que ainda não acabou. Quem foi meu bisavô ? Que herança ele deixou ? Não faço a menor ideia. Meu avô nunca me escreveu nada, nunca conversou realmente comigo. Lembro-me apenas de um momento em que ele me irritou profundamente com seu julgamento. A própria definição de vida como sendo movimento nos leva a ter de sempre nos mexermos, criando novidades, mostrando que estamos agindo no mundo e que as leis do espirito continuam eternamente.