Na minha profissão de Auditor eu tinha de identificar erros que prejudicavam ou que tinham o potencial de prejudicar a empresa e recomendar ações para corrigi-los ou para minimizá-los. Aqui entrava basicamente a inteligência pura, ou seja, o conhecimento aplicado que é chamado de sabedoria. Processos eram estudados, pontos de controle identificados, decisões de gestores avaliadas, soluções discutidas com gerentes e diretores. Tal trabalho me deu uma grande envergadura mental sobre praticamente tudo, já que as empresas eram sociedades anônimas, com controle acionário pulverizado e gerentes, diretores e presidentes que na prática dividiam o poder. Era muito diferente de uma empresa de dono, personalista, onde o todo poderoso não pode ter suas decisões questionadas por ninguém sob o risco do infeliz perder o emprego. Eram empresas horizontais e não só verticais em termos de autoridade. Lugares em que os empregados eram incentivados a progredirem sempre e onde havia mobilidade vertical e horizontal. Essa vivência me fez um crítico dos resultados obtidos e não das pessoas. As pessoas eram consideradas pelos resultados que obtinham e quem fracassasse era substituído por incompetência. Aqui no Brasil esse tipo de empresa é muito raro, uma verdadeira exceção. Além disso temos um passado escravocrata recente, que faz com que muitos donos de empresas por aqui sejam assemelhados a senhores de engenho. A consequência é que como disso o Gikovate muitas empresas tenham o patrão bonzinho e o carrasco. O bonzinho seria amado e o carrasco odiado, tudo na pessoa do patrão. Não teriam os relacionamentos um caráter mais impessoal e profissional. Todos relacionamentos precisam ser carregados de emoções positivas ou negativas. Nada como faça seu trabalho bem feito, independente do chefe e seu mérito será reconhecido e sua promoção virá. Ao contrário: seja cupincha e puxa saco do chefe que você mesmo sendo incompetente será promovido e poderá virar chefe no futuro. Seja pau mandado e nunca ouse levantar a voz quando estiver vendo a vaca ir pro brejo que você será demitido. Tenha sempre uma cara de paisagem. Escrevi tudo isso porque vejo a campanha presidencial ir justamente para o lado de ataques pessoais aqui no Brasil. Vejo pessoas adorar ou odiar cada um dos candidatos. Tão ignorantes que são que não sabem que todos nós temos um lado luz e outro sombra mas que os resultados, avaliados honestamente por pessoas suficientemente inteligentes, sempre deveriam ser decisivos.
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