Enantiodromia (do grego ἐνάντιος, enantios, oposto + δρόμος, dromos, pista de corrida) é um termo criado pelo filósofo Heráclito para o conceito de que uma grande força em uma direção gera uma força no sentido oposto. Foi reformulado pelo psicanalista Carl Jung para ser aplicado ao inconscientequando em conflito com os desejos da mente consciente. [2] Platão, também defende o mesmo princípio em sua obra Phaedo ao escrever que: "Tudo surge desse modo, opostos criando opostos".[3]
[editar]Conceito original
Heráclito exemplifica com um arco e flecha, em que ao puxar a corda do arco em uma direção lançamos a flecha na direção oposta e com um objeto que quanto mais forte é atirado para cima, mais forte é o impacto que causa ao retornar. Assim, o retorno do oposto da força seria uma lei natural do mundo.[4]
[editar]Conceito Jungiano
Um exemplo de enantiodromia é a identificação os gêneros como feminino e masculino. Só se pode se entender o conceito de feminilidade caso consiga identificar o masculino como seu oposto. Dessa forma, segundo Jung, conforme um indivíduo se identifica conscientemente como extremamente masculino, um conceito de extremamente feminina se forma em seu inconsciente em oposição ao seu eu masculino. Outro exemplo seria o conflito entre um eu consciente extremamente bondoso e um eu inconsciente extremamente maligno. Segundo Jung o conflito entre forças inconscientes oposta ao desejo consciente resulta em neuroses agudas.[5]
- Exemplos
Outros opostos relacionados na psicologia de Jung são[5]:
- Anima/Animus;
- Ego/Sombra;
- Eros/Tânato;
- Extroversão/Introversão;
- Instinto/Arquétipo;
- Amor/Desejo pelo poder,
- Matéria/Psique;
- Sociedade/Personalidade;
- Espírito/Alma;
- Progressividade inconsciente/Regressividade consciente.
Carl Jung usou casos de reviravoltas na vida de pessoas famosas da história ocidental como exemplo de enantiodromia: São Paulo, inicialmente um perseguidor de cristãos, teve um surto e tornou-se um dos porta-vozes mais importantes para a nova religião; Friedrich Nietzsche, que inicialmente amava a música de Wagner, passou a odiar sua música; e Swedenborg, que era um estudioso erudito e se tornou um vidente e religioso. [5]
Para Jung: "A única pessoa que escapa da lei implacável de enantiodromia é o homem que sabe separar-se do inconsciente, não reprimindo-o, pois assim ele simplesmente o ataca por trás, mas colocando-se claramente diante dele como aquilo que ele é não."[5].
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