sábado, 26 de maio de 2012

Advogados e eu

Nenhum amigo de infância virou advogado. Nenhum amigo do Bandeirantes. Nenhum amigo do ginásio. E obviamente nenhum da Poli desistiu da engenharia para ser advogado, embora tenha conhecido quem tivesse desistido para ser médico e psicólogo. Eu, por razões diversas, acabei me embrenhando nos meandros do direito. Primeiro fui ser auditor, trabalhando junto ao departamento jurídico. Nessa função aprendi o valor das "leis da empresa" (procedimentos internos), legislação trabalhista, contencioso administrativo, fazer investigação, provas periciais, ouvir testemunhas. Tudo que existe em um processo judicial, só que feito de forma unilateral: eu era o investigador, o delegado, o perito, o promotor e o juiz. Minha sentença era meu relatório de auditoria. Olhando por outro lado era também jornalista investigativo, já que mandava cópia do relatórios para as instâncias superiores interessadas. Também tive algum contato com o Fórum desde criança, porque meu pai era advogado. E é claro, tive muito contato como parte em processos diversos. Percebi com o tempo que os processos são apenas consequência de algum descumprimento do contratado, do socialmente aceito, do esperado de pessoas civilizadas. O poderoso estado punindo (ou tentando punir) seus cidadãos mal comportados. Na empresa eram os poderosos executivos punindo seus pobres e infelizes empregados. Imagino que na família era o poderoso pai punindo seus filhos. A punição sempre presente, ou seja, a lei do chicote. A punição poderia ser de variadas formas. Sabemos hoje que o que mais temem as pessoas é ficar mal perante o grupo ou então perder algo (punição) que pode ser dinheiro, emprego, liberdade, amor, saúde.

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