quarta-feira, 30 de abril de 2008

Educação - Emprego

Sempre fui bom aluno e sempre valorizei as pessoas que estudam de uma forma geral. Com o tempo aprendi também a valorizar pessoas que não tinham educação formal esmerada mas possuiam experiência de vida e eram exemplos em suas áreas de atuação, por mais simples que fossem. Pois bem, o Brasil é o país dos bacharéis em direito (essa é a graduação com mais brasileiros). No entanto, faltam bons advogados. Nossa indústria produz bens de pequeno valor agregado e de baixa tecnologia em geral, gerando poucos empregos para nossos engenheiros. Nossos médicos deixam muito a desejar (ainda hoje a folha publicou uma matéria sobre escolas de medicina que tem conceito péssimos). Isso acontece nas três profissões "clássicas", que são as que atraem mais candidatos no vestibular, e que, teoricamente, tem maior relevância e demanda social. Tenho em minha hemeroteca um artigo sobre uma pesquisa que comprovou que 53% dos formandos atuam em áreas diferentes da sua graduação. O percentual varia conforme a área de graduação, assim, por exemplo, em engenharia, apenas 33% dos engenheiros atuam na área. É sabido que a maioria dos empregos exige apenas uma pequena parcela do conhecimento que é ensinado no curso de graduação. É assim, por exemplo, com administração de empresas, onde aprende-se a ser diretor ou presidente de uma grande empresa, e, em geral, começa-se por baixo, fazendo-se um serviço muito simples. De qualquer forma teremos cada vez mais faculdades particulares (algumas das quais possuem mais alunos que a USP) e mais formandos, mesmo porque a argumentação para a abertura de novos cursos é a de que o número de jovens em idade de cursar uma faculdade no Brasil, que efetivamente cursam uma faculdade, é muito baixo, em comparação com outros paises do continente, como por exemplo Argentina e Chile (dizem que até a Bolívia, o pais mais pobre da américa do sul, está na frente do Brasil). Sabemos que uma porcentagem grande desses formandos não encontrarão empregos nas suas respectivas áreas de atuação. Isso parece ser um detalhe sem importância. Pulando do ensino superior para o ensino público de 1o e 2o graus, ouve-se sempre vozes clamando pela melhoria do ensino. É preciso que seja dito que quem dá valor ao ensino é a classe média e a alta. Essas classes sociais colocam seus filhos na escola particular ou nas melhores escolas públicas (como a Federal). Pesquisa com os pais dos filhos que estão na escola pública mostra que eles estão satisfeitos com o ensino ministrado aos seus filhos e que educação não é prioridade ou importante para eles. Ou seja, investir dinheiro na escola pública não trará votos para o político se eleger ou re-eleger. Restanos portanto conviver com a mediucridade em termos gerais e torcer para cairmos na mão dos poucos profissionais competentes que o nosso sistema educacional está produzindo.

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