O direito de sangue (jus sanguis) foi em geral escolhido por países que enviaram seus nacionais para outros países. Já o direito de solo (jus solis) era escolhido por países que recebiam emigrantes, como forma de criar o sentimento de pertecimento aqueles que lá nasciam. Fica sempre a questão: o que é mais importante ? A lembrança de uma pátria distante ou a realidade da terra que acolheu o emigrante e onde ele construiu sua vida ? Acho que muito da resposta a essa questão tem a ver com o sucesso ou fracasso da adaptação do imigrante a nova terra. Quem possui dupla nacionalidade sempre está com um pé em cada país. A qualquer problema maior no país recebedor do indivíduo fica a tentação de largar tudo e ir tentar a vida no país de origem, já que essa possibilidade existe. Tudo pode depender dos laços afetivos e reais criados em cada país. Coisa parecida acontece com as familias: o conceito antigo de família priveligiava o SANGUE: meus pais e meus filhos em primeiro lugar. Tios, tias e primos. Avós. Isso se refletia na sociedade e até nas regras da herança. O conjuge era citado como "um acaso". Amigos, então, eram sempre menos importantes que os familiares. Com o tempo isso foi mudando e hoje em dia temos que as relações sócio-afetivas estão em alta. Existem amigos que são mais importantes que primos e muitas vezes que irmãos. O mesmo para o conjuge. Muitos ficam do lado do conjuge e contra a familia. Acho que isso aconteceu em parte devido ao menor número de filhos. Com menos filhos, as familias puderam investir mais em cada criança e a influência dos irmãos diminuiu, mesmo porque muitas famílias não tem filhos ou possuem filhos únicos. Nessas condições, o conjuge e os amigos passam a ser muito importantes. Temos aqui a questão final: a familia não escolhemos, ou seja, seus pais, irmãos e demais parentes estão aí e são o que são. Podemos no máximo gostar mais de um do que de outro e expressar ou não essa predileção. Já o conjuge e os amigos são escolhidos, portanto nossa responsabilidade em escolhê-los é muito maior. Os amigos são inclusive chamados de "parentes da alma". Estamos aqui supondo que você possa escolher o conjuge e os amigos. Isso nem sempre é verdade. Muitas vezes temos de ficar com a pessoa disponível, devido a alguma deficiência, carência ou imaturidade nossa. Isso no entanto pode ser temporário, até que essa pessoa nos decepcione ou magoe. Já com parentes aprendi com meu pai a ser diplomático. Sempre tive contato com todos e nunca fui rude ou grosseiro, mesmo tendo ouvido bobagens deles. No máximo me afasto. Com todas essas pessoas a relação é baseada no "você não paga minhas contas e eu não pago as suas". Já com pai e mãe é diferente. Seus pais gastaram muito dinheiro, perderam tempo e tiveram trabalho com você. Sem contar as preocupações. Quando algum pai falta, era normal um irmão assumir essa função. Hoje em dia temos avós nesse papel. Antigamente os avós morriam ou então se recusavam a assumir esse papel. Estas são as questões: em quem confiar ? (confiar=fiar junto, ou seja, costurar junto). Por quem se sacrificar ? Pela familia ? Pelos pais ? Pelos filhos ?
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