Os negócios no Brasil

O Brasil é um país sui-generis: Na época da inflação tínhamos de ser economistas para sobreviver e manter nosso poder de compra. Os negócios foram desvirtualizados pelo poder de receber rapidamente o valor acertado e a possibilidade de investir no mercado financeiro. Não existia praticamente compra a prazo. O valor de um imóvel, do momento em que a compra era fechada, até o momento de receber o dinheiro, era muito desvalorizado. O mesmo valia para os carros: as concessionárias os vendiam rapidamente e aplicavam o dinheiro recebido. Com os lucros da aplicação pagavam a fatura da fábrica e lucravam muito. Quem podia atrasar seus pagamentos ganhava muito dinheiro. Virou moda ter vários cartões de crédito, cada um com uma data de vencimento diferente. Era um jogo onde quem podia postergar pagamentos e antecipar recebimentos ficou rico. Salários perdiam seu valor de compra. A legislação sempre atrasada favorecia os patrões. Profissionais liberais e comerciantes que podiam aumentar seus preços levaram uma enorme vantagem. O mesmo valia para indústrias. Quem podia repassava a inflação. Depois vieram os congelamentos de preços e salários que não deram certo e criaram distorções enormes. Que época terrível !
Atualmente esses problemas diminuiram de intensidade, porque a inflação diminuiu muito. No entanto, os problemas com os negócios continuam existindo, haja vista que 30% dos imóveis tem pendências de todo tipo. E os carros também não escapavam. Isso nos levava a procurar comprar carros de conhecidos principalmente. Imóveis de conhecidos era mais difícil de comprar mas vendemos vários para inquilinos ou pessoas que moravam no mesmo prédio. Os advogados sempre procuram precaver-se, orientando para que caso o vendedor seja casado, os dois conjuges assinem a venda, independentemente do regime de bens. E no caso de financiamento os bancos só pagam o vendedor depois que o registro de imóveis faz a nova matrícula. Todo cuidado é pouco quando grandes somas de dinheiro estão em jogo !